12 nov
Quais são os sinais e tratamentos para quem sofre de bruxismo?
Por Renata Foureaux, professora do curso de Odontologia do Unilavras
O ranger de dentes tem sido descrito como um comportamento que o ser humano produz em reação a uma ameaça ou ansiedade, inclusive sendo relatado no Antigo Testamento da Bíblia. Este comportamento bucal foi denominado “bruxismo”, uma palavra de origem grega βρυγμός que significa “rangendo os dentes”.
O bruxismo é uma atividade repetitiva dos músculos da mandíbula caracterizado por apertamento ou rangido dos dentes e/ou deslizando a mandíbula. Essas ações podem causar uma série de problemas e trazer sérias consequências para o paciente. Dor nos músculos da mastigação, danos na mucosa oral, desgaste dentário e ainda estragos em restaurações presentes na boca são algumas das reações mais comuns.
Nem todo mundo é suscetível de forma igual no desenvolvimento desta parafunção – atividade involuntária – da boca. Cada pessoa percebe o mundo de forma diferente e, assim, lida com o estresse que o cerca de acordo com o seu estado psicológico. Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono (AASM) o bruxismo é dividido em “bruxismo noturno” e “bruxismo diurno”. Os dados apontam que o bruxismo noturno na população é de 16% em adolescentes e entre 3% a 8% dos adultos. Em contrapartida, o bruxismo diurno aparece em quase 1/3 da população.
Além disso, o bruxismo é mais comum em mulheres do que em homens
As mulheres têm mais chances de desenvolver as desordens temporomandibulares que os homens, dependendo do grau do hábito do bruxismo e do nível de depressão. Isto pode ser o resultado de diferenças biológicas, como hormônios e fatores psicológicos, ou até mesmo a sensibilidade a dor pelas mulheres. Outra curiosidade está na idade: os níveis mais altos estão entre 20 e 40 anos.
Causas
Estresse, depressão… Um ritmo acelerado de vida e ansiedade têm sido associados como causas do bruxismo, tanto o bruxismo diurno como o bruxismo noturno. Aquelas pessoas mais emotivas e sobrecarregadas emocionalmente podem ter um aumento da atividade dos músculos da mastigação. Como consequência, elas tendem a sofrer mais com as disfunções temporomandibulares e o bruxismo.
E com a pandemia de Covid-19 tudo isso foi potencializado. Esta nova situação criou uma severa ameaça à saúde, incertezas na economia mundial e nos colocou isolados em casa. Estes efeitos são capazes de influenciar a saúde bucal e condições maxilofaciais, como as desordens temporomandibulares e o bruxismo, que podem agravar as dores faciais. Algumas desordens de neurodesenvolvimento como a doença de Huntington, Síndrome de Rett, Síndrome de Angelman, Autismo e Síndrome de Down, além de fatores genéticos podem estar associados ao bruxismo.
Outro ponto que é preciso ter atenção são os implantes! O dentista precisa estar atento para que o bruxismo não seja um risco para a perda destes implantes devido a uma força excessiva que é usada sobre eles. Dessa mesma forma é preciso cuidado com pacientes que estão em manutenção periodontal.
Ok… Mas e os sinais e sintomas?
Nós já vimos algumas questões relacionadas à formação do nosso corpo, genética, além dos fatores emocionais. Então, agora é a hora de compreender um pouco dos sinais e sintomas que podem levar ao bruxismo:
- barulho dos dentes rangendo durante a noite;
- dores de cabeça ao acordar;
- cansaço dos músculos da mastigação ao acordar;
- desgaste dentário anormal;
- limitação de abertura da boca;
- hipertrofia do músculo masseter;
- aumento dos sintomas de disfunção temporomandibular (DTM).
Um outro jeito de saber se temos estes sintomas, é pedir a alguém que observe se, durante o sono, estamos rangendo os dentes. Assim, ao se consultar com o dentista, ele pode solicitar exames, como a eletromiografia e a polissonografia para confirmar a existência do bruxismo.
Tratamentos
Bruxismo diagnosticado! Agora, é preciso entender as causas de sua ansiedade e, se preciso, procurar ajuda profissional para fazer terapia. Uma conduta interdisciplinar com dentistas, fisioterapeutas, psicólogos e médicos será um passo importante para o correto diagnóstico e o sucesso do tratamento.
Entre aconselhamentos, os principais são: alimentação mais macia, fisioterapia para o fortalecimento e relaxamento dos músculos. Além disso, é possível aumentar a circulação de sangue com compressas com água morna. Assim, se o seu dentista indicar, é permitido o uso de antinflamatórios, analgésicos, relaxantes musculares, e até mesmo uma anestesia, além das placas oclusais ou a combinação de todos para ajudar a aliviar os sintomas.
O uso das placas oclusais ajuda na proteção dos dentes contra os desgastes, alívio dos músculos da mastigação, além da normalização da sensibilidade dos tecidos em volta dos dentes e distribuição das forças de modo igual para toda a arcada dentária.
Nos últimos anos a toxina botulímica tem sido utilizada como o auxiliar para os tratamentos de pacientes com bruxismo. Assim o procedimento tem diminuído os sintomas e a hiperatividade dos músculos, embora mais estudos precisem ser desenvolvidos para serem conhecidos os seus efeitos a longo prazo.
O futuro do tratamento depende de um correto diagnóstico e a colaboração do paciente. Então, se você sente algum dos sinais e sintomas que elencamos ali em cima, é hora de procurar o tratamento adequado!
No curso de Odontologia do Unilavras, a Clínica-Escola oferece atendimento há mais de 35 anos e vem transformando a dor em sorrisos!