Frio dentro de casa? O papel da arquitetura para garantir o conforto térmico no inverno

Neste inverno, você tem tido dificuldades para ficar dentro de casa porque sente que o ambiente está mais frio do que na rua? Isso pode ser um indício de que a sua moradia não foi construída pensando no conceito de conforto térmico. Nesse caso, a arquitetura pode ser uma grande aliada para resolver o problema.

O conforto térmico, de acordo com a professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Unilavras Nayhara Andrade, é definido como um estado de espírito que expressa a satisfação do indivíduo com o ambiente térmico em que ele está. Assim, uma pessoa em conforto térmico encontra-se em um estado de bem-estar físico e mental, e não prefere sentir nem mais calor e nem mais frio.

Ainda de acordo com a professora do Unilavras, a sensação de conforto térmico é subjetiva, ou seja, é um aspecto que varia de indivíduo para indivíduo. Por isso, uma pessoa pode estar em conforto térmico em um ambiente a 18ºC, mas outra pessoa pode, no mesmo local, sentir frio.

Arquitetura

Para que seja garantido o conforto térmico nas edificações é fundamental, segundo a professora Nayhara Andrade, uma avaliação minuciosa.

“A arquitetura é influenciada por vários fatores, incluindo o clima. Existem diversos tipos de clima ao redor do mundo, e para cada um há diferentes abordagens arquitetônicas para garantir o conforto térmico. Por isso, é fundamental avaliar o local onde o projeto será inserido para propor as melhores estratégias”, destaca.

A docente do Unilavras também aponta que, além dos impactos no consumo energético, o conforto térmico atua sobre a saúde humana.

“As pessoas passam de 80 a 90% do tempo dentro das edificações. Nesse cenário, o conforto térmico tem um papel fundamental na forma como nós vivenciamos as experiências que realizamos no dia a dia dentro de cada ambiente. Isso porque os ambientes térmicos internos têm o poder de afetar a produtividade, o bem-estar físico e emocional, enfim, a saúde como um todo. Por isso, na hora de projetar, é necessário levar em consideração as condições térmicas para desenvolver bem o trabalho e as atividades diárias”, ressalta.

Projeto

A legislação relativa ao conforto térmico traz apenas requisitos mínimos. Por isso, a garantia efetiva dessa condição em um projeto exige, inicialmente, a análise conjunta de fatores ambientais, físicos, psicológicos e fisiológicos. Assim, é preciso considerar, por exemplo, as características climáticas locais, a orientação solar e a direção predominante dos ventos. Além disso, é fundamental avaliar as atividades que serão desenvolvidas no espaço projetado.

Feita a análise, existem medidas que possibilitam garantir maior conforto térmico nas edificações ainda na etapa de projeto, como a definição estratégica do posicionamento das aberturas, bem como das fachadas. Elementos como vidros especiais que barram a radiação solar, cobogós, protetores solares, vegetação e materiais isolantes (lã de rocha e fibra de vidro, por exemplo) também podem contribuir para o conforto térmico.

No Brasil, no entanto, muitas edificações são projetadas e construídas de forma padronizada sem levar em consideração o conforto térmico. Por isso, a professora do Unilavras sugere algumas medidas simples que podem ajudar a trazer mais conforto térmico nesses dias frios.

“Se os pisos empregados nos ambientes são frios, como a cerâmica e porcelanato, é possível trabalhar com tapetes, pois eles podem ajudar a reter o calor e proporcionar maior sensação de conforto térmico. Também pode-se usar cortinas em tecidos mais espessos e com cores mais escuras. É preciso ainda ter atenção com as frestas nas janelas e nas portas, podendo utilizar materiais isolantes para selar essas frestas e evitar correntes de ar frio. Além disso, é fundamental ter atenção às roupas. Afinal, uma das variáveis que influenciam no conforto térmico é a vestimenta, então é recomendável usar roupas que tenham uma resistência térmica maior. Utilizar mantas, de tecidos mais quentes, nas camas e sofás também ajuda a reter o calor e proporcionar conforto adicional” destaca a professora do Unilavras.

Ainda de acordo com a docente, essas estratégias podem não proporcionar o conforto total, mas vão ajudar a aquecer o ambiente e a trazer um maior conforto térmico. Nayhara Andrade ressalta também que o ideal é sempre pensar nessas estratégias desde as etapas iniciais de projeto.

Unilavras

No curso de Arquitetura e Urbanismo do Unilavras, os alunos aprendem desde o início do curso sobre a importância do conforto térmico e da sua implementação nos projetos.

“Aqui no Unilavras, temos um equipamento fundamental para aprender sobre o conforto térmico, que é o Heliodon. Por meio dele, ensinamos sobre o movimento aparente do sol e sobre a insolação nas diversas épocas do ano e horas do dia, para diferentes latitudes. Assim, com esse aparelho, conseguimos simular como vai ser a insolação em qualquer lugar do mundo. Então os alunos do Unilavras começam desde cedo a colocar em prática todo o conhecimento sobre o conforto térmico, que é tão importante e fundamental para arquitetura e para a vida em geral”, finaliza a professora.



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