Como oferecer tempo de qualidade para as crianças em casa?

Por Kamila Amorim, professora do curso de Pedagogia do Unilavras

 

Em tempos de isolamento social, além de todas as demandas que surgem, com a necessidade de uma nova rotina diária, é preciso pensar, de maneira afetuosa e empática, nas crianças que convivem com os pais e/ou responsáveis.

O texto de hoje é um convite para que você, que tem criança em casa, tenha a oportunidade de refletir a respeito de como está o dia a dia no seu lar. Será que é possível tornar esse momento mais feliz e oferecer aos pequenos tempos e espaços de qualidade para as crianças?

 

É possível construir um processo educativo em casa?

Boa parte da população encontra-se em resguardo social, inclusive as crianças. Devido à paralisação das atividades presenciais nas escolas, muitas estão em tempo integral nos lares. É evidente que se trata de um privilégio dividir a vida com aqueles que amamos.

Assim, o aconchego, os abraços e o companheirismo das pessoas que residem conosco podem ser bons aliados para contribuir com o aumento da sensação de bem-estar. Além disso, convívio também pode ajudar a evitar quadros de sofrimento e tristeza que o confinamento pode produzir. Este novo momento irá suprir a falta do convívio com outros familiares, colegas, amigos e professores em outros espaços sociais.

 

Como conciliar todas as tarefas de casa com a educação dos filhos?

Mas, o fato é que nem tudo são flores. As queixas são inúmeras e tem sido recorrente ouvir e acolher o descontentamento de muitas pessoas. A questão principal, sobretudo, é a de não saber o que fazer diante da tentativa de conciliar o próprio trabalho com as atividades domésticas e as diversas solicitações de ajuda com as aulas remotas, por parte das crianças.

As crianças, como todo ser humano, são sujeitos sociais. Ou seja, seu desenvolvimento é marcado pelo meio social e pelas interações que elas estabelecem com as pessoas. A partir dessas relações elas sentem e pensam o mundo de uma maneira muito particular.

Alguns intelectuais da educação, como as professoras Maria Cristina Gouvea (2020), Lucia Helena Pena Pereira (2020), têm feito contribuições importantes para pensarmos a relação da escola e da família na conjuntura atual. Segundo elas, mesmo não sendo possível substituir integralmente o contexto de aprendizagem do espaço escolar, é possível construir novas condições, tempos e espaços para aprendizagem das crianças em seus lares.

 

Educando em casa

Com o apoio, diálogo e orientação das escolas, os pais e familiares podem compor um contexto de aprendizagem doméstico para além dos conteúdos escolares. Mas, de que maneira? Primeiramente, olhe ao seu entorno: perceba que as atividades do cotidiano podem oferecer boas ocasiões para a construção do conhecimento. A partir da relação entre a escola e a família, você poderá desenvolver atividades educativas. Veja como:

Estabeleça rotinas e, se possível, faça das situações corriqueiras uma oportunidade de interações livres e criativas com as crianças. A casa se apresenta, acima de tudo, como um espaço de cuidado mútuo entre as pessoas. Então, deixe que a criança participe das atividades desse cuidado.

Apresente músicas, filmes, histórias. Chame a atenção para o cuidado com o corpo, para a alimentação e o preparo dos alimentos. Fale com elas sobre a importância da organização dos objetos e brinquedos. Do mesmo modo, apresente a história de si e dos familiares. Aproveite os momentos em família para rever álbuns de fotografias. Neste sentido, utilize a situação para contara história de vida de pessoas que a criança conhece, de mudanças de endereço, de reformas no lar.

Esse tipo de atividade, que envolve socialização e diálogo, também se transforma em momentos afetivos

Além de proporcionar inúmeros benefícios às crianças e familiares, estas atividades promovem aprendizados importantes. Posteriormente, elas darão condições para um efetivo trabalho, de conhecimento elaborado em âmbito escolar e curricular.

Enfim, espero que as ideias apresentadas nesse texto possam ter ajudado, de alguma maneira, a refletir e conduzir, com mais leveza, as relações possíveis de construção das diversas experiências educativas que temos contato diariamente.

Para finalizar, deixo aqui um chamado: se na sua casa há alguma prática exitosa, lembre-se de compartilhar as rotinas e estratégias que têm dado certo com a escola. Se a relação entre família e escola sempre foi considerada importante, agora certamente ela se faz essencial.

 

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