Qual a importância dos animais para o ser humano?

Por Adriana Brasil, professora do curso de Medicina Veterinária do Unilavras

 

Você já imaginou viver em um mundo sem os animais?

Nesse momento, alguns de vocês devem estar pensando em seus animais de companhia. Outros, lembrando do alimento que chega às suas mesas. De seu sustento dependente da produção animal e imaginando florestas, desertos, mares e rios sem os seres que os habitam. E, talvez, alguns de vocês nunca tenham parado para pensar sobre isso. Nesse contexto, precisamos ampliar nossa visão sobre a importância dos animais em nosso cotidiano e como sua ausência comprometeria a existência humana.

O termo domesticação vem de domus, lar, o que significa que os humanos trouxeram algumas espécies de animais para perto de casa. Embora essa domesticação tenha começado por objetivos principalmente utilitários, o contato cotidiano estabeleceu necessariamente uma relação. Uma relação saudável com um animal de companhia traz benefícios à saúde de seus tutores, seja física, mental, emocional, social ou cognitiva.

 

Benefícios da companhia de um animal

A interação com os animais reduz a produção de cortisol, um hormônio relacionado ao estresse, e aumenta a liberação de endorfina e ocitocina, ligados ao prazer. Assim, o apego ao animal de estimação está relacionado ao funcionamento emocional positivo, reduzindo a ansiedade. E é por isso que, ao acariciá-los, brincar com eles ou apenas ficar ao lado deles, podemos eliminar a tristeza e sentir uma animação quase imediata.

Em relação às melhorias da saúde física, tutores de cães, por exemplo, são mais propensos à prática de atividades físicas, reduzindo provavelmente o risco de doenças cardiovasculares.

O som do ronronar, característico dos gatos, é uma forma de comunicação com seus tutores. Eles aparecem em momentos de carinho e amizade, mas também em estados de incômodo e dor. A frequência sonora do ronronar tem papel terapêutico para o animal e para quem esteja com ele. Pesquisas mostram que, além de diminuir o estresse e a ansiedade, o som também reduz o risco de doenças cardiovasculares e ajuda a melhorar a função pulmonar de pessoas com problemas respiratórios.

 

Crianças que convivem com cães e gatos no primeiro ano de vida têm menor probabilidade de desenvolver infecções respiratórias e otites, pois os animais ajudam a estimular nosso sistema imunológico.

 

Os benefícios da convivência entre crianças e animais não param por aí. Estudos relataram aumento da autoestima, desenvolvimento de habilidades como compreensão de sentimentos e necessidades, empatia e responsabilidade.

Em crianças com autismo, pesquisas mostram que os animais de companhia são estímulos poderosos. Assim, eles podem compensar déficits multissensoriais (por exemplo, diferenças visuais, táteis e auditivas), estimular a linguagem e desenvolver habilidades sociais. A equitação terapêutica também pode melhorar o funcionamento social de autistas. Os resultados são, por exemplo, uma maior busca sensorial, sensibilidade sensorial, motivação social e menos desatenção, distração e comportamentos sedentários e agressivos.

A equoterapia é um dos principais tratamentos de reabilitação também para pessoas com limitações físicas. Excelentes resultados são alcançados em movimentos do quadril e da coluna vertebral, assim como no desenvolvimento da autoconfiança. Pacientes com deficiência física apresentam melhor postura corporal, firmeza, equilíbrio e musculatura mais tonificada, podendo, em alguns casos, deixar o uso muletas e andadores. Isso sem falar nos sentimentos de liberdade e bem-estar proporcionados pela montaria.

 

A alimentação do ser humano também depende dos animais

Os animais de produção provaram ser vitais e necessários para a nutrição humana, geração de subprodutos e benefícios econômicos. Os alimentos de origem animal, como as carnes, pescados, leite e derivados, ovos e mel apresentam excelentes valores nutricionais. Juntamente com frutas, vegetais e cereais, são importantes para garantir uma dieta completa e balanceada.

 

O ovo é considerado o segundo alimento mais completo do mundo pela maioria dos nutricionistas, ficando atrás apenas do leite materno.

 

A carne é um dos alimentos de origem animal com maior valor proteico, podendo ter diversas origens, como a de bovinos, suínos, aves e peixes. Além disso, o leite é rico em cálcio, mineral fundamental para a saúde dos ossos e dentes. O mel também está entre os alimentos de origem animal mais consumidos. Além de seu valor nutricional, ele também apresenta ação antioxidante e prebiótica.

Além disso, a pecuária é um dos principais pilares econômicos do nosso país. Em termos mundiais, o Brasil é o principal exportador de carne de frango, tem o maior rebanho bovino comercial e ocupa a quarta posição no ranking de produção de carne suína. A pecuária integra a agricultura, pois ambas são desenvolvidas em um mesmo lugar e em determinados momentos uma atividade depende da outra. Um exemplo disso é a alimentação de bovinos. Ela necessita da forragem cultivada e, em contrapartida, as fezes dos animais servem como adubos naturais para alguns cultivos. Assim também, muitas pessoas no mundo são sustentadas quase que totalmente por animais, porque vivem em áreas inadequadas para a produção agrícola.

Os subprodutos resultantes da criação de animais são inúmeros. Dessa forma, todo esforço para aproveitar toda a carcaça do animal é válido e importante. Assim, ossos, penas e vísceras são usados como insumos na produção de rações para cães e gatos. Já a lã e o couro são usados para vestuário. O sebo e o colágeno são aplicados em produtos cosméticos, dentre diversos outros exemplos.

Os animais de vida livre desempenham um importante papel no equilíbrio da natureza. São eles que dispersam sementes e pólen e, portanto, plantam árvores, também consomem plantas, promovendo a ciclagem de nutrientes e ainda controlam populações de outras espécies.

 

São importantes para a diversidade de espécies na Terra

As abelhas polinizam 75% da produção agrícola do mundo e contribuem para a manutenção da diversidade de espécies na Terra. Estudos apontam que a redução na fauna de abelhas e outros polinizadores podem reduzir a produção de alimentos e a população de várias espécies de plantas e animais. Florestas são mantidas por animais que dispersam sementes, como antas, macacos e aves. A extinção local desses animais afetaria, por exemplo, o clima.

Predadores, como jaguatiricas, onças-pintadas e onças-pardas, controlam a população de outras espécies, como roedores, queixadas, capivaras e jacarés. A ausência de predadores causaria uma infestação de roedores, levando a um problema de saúde pública aos seres humanos. Tais predadores exigem áreas preservadas para sobreviver e se reproduzir. Desse modo, a onça-pintada é considerada uma espécie guarda-chuva. Sua demanda ecológica abrange todas as exigências das outras espécies que convivem em seu habitat. Assim, quando o predador natural do topo da cadeia alimentar estiver bem, as outras espécies também estarão.

O futuro da humanidade está relacionado à maneira com que tratamos os animais. Com frequência, pensamos em nós mesmos como seres civilizados. Portanto, devemos colocar tal crença em prática e proporcionar aos animais a vida digna que tanto merecem.

Questionar a importância dos animais, é questionar a própria existência humana.

 

E você já pensou em um mundo sem os animais? Impossível, né? Faça Medicina Veterinária no Unilavras e conheça mais o mundo animal!