25 nov
Acessibilidade nas cidades: quais são os desafios?
Amanda Burgarelli Teixeira e Nayhara Camila Andrade, professoras do curso de Arquitetura e Urbanismo do Unilavras
Para entender quais são os desafios da acessibilidade nas cidades, precisamos, primeiramente, entender o que é de fato a acessibilidade.
Não é algo relacionado apenas a pessoas com deficiência, muito pelo contrário! Qualquer pessoa pode sofrer com alguma limitação, ainda que temporária, como quebrar uma perna e ficar impossibilitado de caminhar. Outros públicos também precisam ser levados em consideração quando pensamentos em locais adaptados, como as gestantes e os idosos.
E isso se aplica a tudo no dia a dia, desde conseguir se deslocar pelo seu próprio quarto, abrir a porta, acender a luz ou preparar um alimento, até percorrer a calçada da sua casa, atravessar a rua, acessar uma loja, etc.
A acessibilidade está relacionada à facilidade com que uma pessoa consegue locomover-se pelo espaço para realizar as atividades desejadas com autonomia, ou seja, sem depender de outra pessoa para isso.
Mas como isso se relaciona com as cidades?
As nossas cidades devem garantir que todos, independentemente de idade e condição física, possam se deslocar pelos espaços urbanos de uso público.
Muitas vezes, temos a ideia equivocada de que a acessibilidade está somente associada a rampas de acesso ou vagas de estacionamentos reservadas para pessoas com alguma deficiência. Na verdade, o conceito vai muito além. Ele fala diretamente sobre o direito de ir e vir, sempre com segurança, conforto, eficiência e, principalmente, autonomia.
Então, quais seriam os desafios da acessibilidade nas cidades?
Você já deve ter se deparado com alguma situação adversa na calçada que te obrigou a atravessar a rua, não é mesmo? Seja um buraco, alguma obra urbana e por aí vai. Agora imagine se para se desviar deste obstáculo você precisasse de alguma rampa, ou algum aviso que fosse possível de entender mesmo sem conseguir enxergar. Com certeza a situação seria pior!
A falta de acessibilidade está presente em todos os cantos das cidades brasileiras. Seja nos transportes públicos, nos prédios e espaços públicos, hotéis e até mesmo nos restaurantes.
Para uma pessoa com mobilidade reduzida, são inúmeras as barreiras encontradas nos espaços urbanos. Existe uma grande carência de rampas de acesso, de elevadores nos edifícios, banheiros adaptados e de calçadas em boas condições.
Ainda é muito raro em nossas cidades a sinalização tátil, sinais sonoros e informações em braile para as pessoas cegas ou até mesmo a sinalização em lugares importantes, com avisos para as pessoas surdas. E isso não se restringe apenas aos locais públicos de passagem como as calçadas e ruas. A falta de sinalização atinge os espaços de lazer, abertos ou fechados, as escolas e tantos outros lugares que fazem parte do nosso dia a dia.
Falar e pensar na acessibilidade deve estar sempre ligado à ideia de equidade
Você já parou para pensar em como uma pessoa cega chega até ao supermercado? Algo que é simples para alguns pode ser um desafio para outros. Uma cidade para ser acessível a todos deve considerar e respeitar a diversidade física e sensorial presentes na sociedade. Além disso, é preciso observar as modificações sofridas pelo corpo humano durante a vida.
A promoção da acessibilidade nos espaços da cidade deve fazer parte do processo de planejamento e ordenamento do território. Entende-se que os equipamentos urbanos, oportunidades e serviços necessários à subsistência deveriam estar próximos da casa das pessoas. Por isso é preciso pensar as diversas realidades que compõem a cidade. Assim será possível entender as carências e, principalmente, as necessidades específicas de determinado grupo.
O planejamento interdisciplinar associado à vontade política seria uma solução para a acessibilidade nas cidades brasileiras. Todos os setores devem estar envolvidos para que os espaços públicos se tornem de fato acessíveis.
Dessa forma, falar e pensar na acessibilidade deve estar sempre ligado à ideia de equidade. Para promover uma cidade mais sustentável é preciso que todos tenham acessos aos seus direitos. Ao entender este aspecto é possível compreender que só alcançaremos de fato a inclusão se as oportunidades forem adaptadas às necessidades específicas encontradas nos diversos cantos das cidades, com as suas múltiplas vivências e formas de habitar o espaço urbano.
A acessibilidade dentro das cidades é um assunto discutido dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo do Unilavras. Aqui você vai ser formar um profissional completo! Inscreva-se no vestibular!