13 mar Vossa Excelência ou Vossa Magnificência?
Dicas de Português
Dentre a grande quantidade de pronomes de tratamento que a língua portuguesa nos faculta cabe citar alguns para esclarecer pequenos equívocos. Pronomes de tratamento são utilizados como alternativas aos pronomes pessoais em linguagens mais técnicas e formais, costumam ser empregados em comunicações formais, mas também podem ser utilizados em conversas informais, com menor frequência.
Apesar de utilizados para indicar o interlocutor (ou seja, a segunda pessoa), os pronomes de tratamento devem ser conjugados com verbos na terceira pessoa.
Por exemplo: “Você pode me emprestar o seu celular?” (correto) / “Você pode me emprestar o teu celular?” (errado).
Em muitas regiões do Brasil, o “você” (abreviação de Vossa Mercê) é utilizado como pronome pessoal, em substituição ao “tu”. No entanto, gramaticalmente o “você” deve ser classificado como um pronome de tratamento, e a sua conjugação deve ser feita a partir da 3º pessoa.
Existem diversos tipos de pronomes de tratamento, que devem ser utilizados de acordo com o contexto adequado, a profissão ou o nível de autoridade do interlocutor.
Entre os principais pronomes de tratamento, destaca-se:
- Você:costuma ser utilizado em comunicações mais informais. No Brasil, o “você” ainda é considerado uma substituição do pronome pessoal “tu”.
- Senhor / Senhora (Sr. / Srª):pronome de tratamento utilizado com pessoas desconhecidas e quando há um nível de formalidade na relação.
- Vossa Senhoria (V.S.ª):utilizado para as autoridades em geral em tratamentos cerimoniosos.
- Vossa Excelência (V. Ex.ª):destinado às altas autoridades do Estado (Judiciário, Legislativo e Executivo) e alguns militares (oficiais generais, por exemplo). Aqui também entram Reitores de Universidades (faremos uma explicação breve a seguir). Este pronome de tratamento deve ser utilizado por extenso (sem abreviações) quando se tratar do Presidente da República.
- Vossa Santidade:pronome de tratamento para o papa
- Vossa Reverendíssima (V.Rev.ª):para sacerdotes em geral.
Vossa Eminência: (V.Em.ª): utilizado em comunicações com Cardeais.
Vossa Magnificência (abrev. V. Magª. ou V. Maga.) para tratar os reitores das universidades. É assim que os manuais ensinam. Nada contra a fórmula – a não ser que é empolada, difícil de escrever e pronunciar.
Nas gramáticas mais antigas não há referência à figura do reitor. As listas de pronomes de tratamento, até a década de 1960, dedicavam maior preocupação às autoridades eclesiásticas: iam alfabeticamente de abade, abadessa, arquiduque, freira, patriarca, prior, tenente-coronel, até o v de vereador. Nos anos 70, nova hierarquia se estabelece. Em termos de cerimonial, segue-se o Decreto 70.274/72, assinado pelo presidente Emílio G. Médici, que coloca os reitores das universidades federais numa graduação acima dos reitores das estaduais. Os livros de gramática, de qualquer modo, não faziam e não fazem distinção: o pronome é “Vossa Magnificência”; o vocativo, “Magnífico”.
Contudo, em virtude da propagação das instituições de ensino superior, vem caindo em desuso esse tratamento demasiadamente cerimonioso, até porque já não existe um distanciamento tão grande entre a pessoa do reitor, o corpo docente, os alunos e a comunidade em geral. Entrou nos costumes e é, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a fórmula Vossa Excelência (abreviada V. Exa. ou V. Exª.) para tratar os reitores. A invocação, neste caso, pode ser simplesmente Senhor Reitor, ou então o tradicional Magnífico Reitor.
Vale lembrar:
Onça-Pintada e Baleia-Branca e Bem-vindo
Observe uma nota de cinquenta reais: lá está escrito onça-pintada, com hífen, porque se trata do felino estampado na cédula, e não de uma onça pintada por algum artista.
Igual raciocínio se aplicaria a uma baleia-branca, para dar outro exemplo. Uma criança pode mostrar a “baleia branca” que desenhou; mas, com hífen, a palavra só pode se referir a determinada subespécie de cetáceo.
Enfim, todos os nomes compostos da fauna e da flora devem ser hifenizados, como em: baleia-azul, baleia-de-bossa, jacaré-do-papo-amarelo, mico-leão-dourado, arara-vermelha, martim-pescador, canário-da-terra, canário-do-reino, joão-de-barro, cisne-de-pescoço-preto, faisão-real, espada-de-são-jorge, capim-limão, canela-da-índia, boldo-baiano, morango-do-campo, erva-cidreira, ruiva-dos-tintureiros etc.
Fonte: trechos do texto de Paulo Roberto Ribeiro e do site significados