Adotei um filhote, e agora?

Por Claudine Botelho de Abreu, professora do curso de Medicina Veterinária do Unilavras

 

Adotei um filhote, e agora? Quais cuidados eu devo ter com esse animal? Seja gato ou cachorro, nós temos a resposta! Ao adotar um animal de estimação, é preciso ter em mente que ele necessita de cuidados especiais. A posse responsável é baseada em medidas que garantem que o animal esteja livre de fome, sede, desconforto, dor, doenças, medo e estresse. Além disso, ela também assegura a liberdade para o animal expressar o comportamento natural da espécie. Abaixo, listamos os principais cuidados que devemos ter com os pets, principalmente quando adotamos um filhote. Vamos lá?

 

Vermífugo

A administração de vermífugo em cães deve ser realizada a partir de duas semanas de idade, continuando a cada 15 dias até duas semanas após o desmame. Após isso, você deve seguir com o tratamento de forma mensal, até que o animal atinja os seis meses de vida. Já nos gatos, as doses devem ser aplicadas a partir da terceira semana de vida. Assim, o tratamento deve seguir a cada duas semanas até o desmame, e mensalmente até os seis meses.

Posteriormente, cães e gatos devem ser tratados a cada três meses de maneira geral. Assim também, o intervalo pode ser menor, ou maior, de acordo com a situação que o animal vive. O Médico Veterinário é quem determinará o melhor protocolo de desverminação em cada caso.

 

Vacinação

A vacinação em cães é realizada a partir de seis semanas de idade, administrando doses sequenciais em intervalo de três a quatro semanas até 16 semanas de idade. A imunidade é estabelecida cerca de 21 dias após a administração da última dose. Assim, o animal deve receber reforço vacinal anualmente. Caso ele tenha aproximadamente 16 semanas ou mais, deve receber duas doses da vacina com intervalo entre três a quatro semanas. Essa vacina é considerada essencial e protege o cão de doenças como cinomose, parvovirose, coronavirose, hepatite, adenovírus, parainfluenza e leptospirose.

A vacinação em gatos deve ser feita a partir de oito semanas de idade, administrando doses sequenciais em intervalo de três a quatro semanas até 16 a 20 semanas de idade. A imunidade é estabelecida cerca de 28 dias após a administração da última dose. Dependendo da situação, o animal receberá um reforço vacinal aos seis meses de vida (exceto leucemia) e posteriormente vacinação anual. Caso o gato tenha aproximadamente 16 semanas, ou mais, de idade, deve receber duas doses da vacina com intervalo entre três a quatro semanas. Essa vacina é considerada essencial e protege de doenças como complexo respiratório felino, panleucopenia e leucemia felina.

O médico veterinário determinará o melhor tipo de vacina e protocolo para cada caso. É privativo desse profissional atestar a vacinação dos animais (Resolução CFMV 1321/2020).

Outra vacina considerada essencial e obrigatória no Brasil é a antirrábica. Cães e gatos devem ser vacinados a partir de 12 semanas de idade em dose única e posteriormente reforço anual. Em campanhas, entretanto, os animais costumam ser vacinados a partir de dois meses de vida e devem receber uma segunda dose após 30 dias (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). A imunidade protetora é alcançada aproximadamente 28 dias após a vacinação.

 

Antiparasitários

Os animais devem receber antiparasitários regularmente para controle de pulgas e carrapatos. Há vários produtos no mercado, indicados de acordo com a espécie, cão ou gato, idade, peso e ambiente que o animal vive. O tutor deve procurar orientação veterinária para informar-se sobre a melhor indicação para cada condição.

 

Alimentação

Após o desmame, cães e gatos devem ser alimentados com ração de filhote até um ano de idade. De preferência rações comerciais de boa qualidade das linhas Premium e Super Premium. Elas irão garantir a nutrição do animal de forma adequada. A quantidade pode ser estabelecida de acordo com o peso, fornecida na própria embalagem, ou por orientação veterinária.

Cães geralmente devem receber a quantidade diária necessária do alimento dividida em duas porções em horários distintos do dia, por exemplo, manhã e tarde. Já os gatos possuem metabolismo diferente e a quantidade diária do alimento deve estar disponível o dia todo, pois o animal alimenta-se de pequenas porções várias vezes ao dia.

Alimentação natural pode ser uma opção, desde que realizada sob acompanhamento de um médico veterinário para que o animal fique desnutrido. Petiscos podem ser fornecidos, mas de forma controlada. Água limpa e fresca deve estar sempre disponível. No caso dos gatos, recomenda-se manter potes de água distribuídos pela casa, sendo um pote a mais em relação ao número de animais. Os bebedouros e comedouros devem ser mantidos devidamente higienizados com água e sabão.

Os animais devem ser acostumados com a escovação dentária desde filhotes. Assim irão permitir que ela aconteça ao longo de toda sua vida, prevenindo doenças periodontais. A frequência de escovação ideal é de pelo menos uma vez ao dia, utilizando escova e creme dentais apropriados, sob indicação veterinária. 

 

Fezes e urina

Os cães podem ser acostumados desde filhotes a eliminar fezes e urina em um ambiente apropriado da casa. A utilização de materiais próprios, como tapete higiênico e produtos com odores atrativos, pode ser uma boa solução. Aqueles cães que são adaptados a urinar e defecar fora de casa, o tutor deve recolher as fezes e jogar um pouco de água sobre a urina. Já os gatos utilizam caixa de areia, que deve ser mantida em local tranquilo. Existem vários tipos de areia e granulado, selecionados de acordo com a adaptação do animal. A quantidade de caixas é sempre uma a mais que o número de gatos. É importante manter a higienização do ambiente, retirando sempre os dejetos.

 

Castração

A castração é uma conduta muito importante, pois previne doenças, evita crias indesejadas e facilita o manejo. Em cadelas, a castração antes do primeiro cio previne em quase 100% o desenvolvimento de tumor de mama. Além disso, evita o sangramento vaginal que ocorre em todo cio. No caso dos cães, previne tumores de próstata e testículo e evita a demarcação territorial. Em gatos, além de doenças, também evita fugas e as vocalizações incessantes durante o cio pelas fêmeas. Caso o tutor opte por reproduzir seu animal, esta ação deve ser realizada com responsabilidade.

 

Atividades

Cães necessitam de uma rotina diária de passeios para exercerem seu comportamento exploratório e interação social, tanto com outros animais, quanto pessoas. Além disso, a atividade física previne o desenvolvimento de obesidade e diminui o estresse. Entretanto, passeios só devem ser realizados 21 dias após a última dose da vacina, ou seja, quando estiverem devidamente imunizados. Forneça brinquedos apropriados, principalmente para estimular a dentição nos filhotes, evitando utensílios do próprio tutor como sapatos.

Em relação aos gatos, não permita que eles tenham acesso à rua. Nossa sugestão é que sejam instaladas telas de proteção na casa. O enriquecimento ambiental também é muito importante para que o animal possa expressar seu comportamento. Dê a ele objetos adequados para arranhadura, esconderijos e brinquedos que estimulem a caça. Entre três e sete semanas de idade, o gato desenvolve seu comportamento de interação social com seres humanos e outros animais. Portanto, nessa faixa etária deve-se ter muita afetividade e convívio com o gato, evitando situações que provoquem medo e ansiedade.

É importante ressaltar que tanto cães quanto gatos necessitam de carinho e atenção em qualquer fase da vida.

 

Visitas ao veterinário

Os animais não conseguem expressar o que estão sentindo. Dessa forma, as visitas periódicas ao veterinário são necessárias para avaliação do estado de saúde. Essas avaliações devem ser realizadas anualmente ou em períodos menores dependendo da condição clínica do animal.

 

Além destas dicas, no curso de Medicina Veterinária do Unilavras você aprenderá diversas técnicas que serão parte da sua rotina profissional! Conheça o curso!



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